sábado, 19 de março de 2011

CARTA DE PANDORA — A CAIXA

“Querido,

    Estou sentindo-me culpada.
    Não me reconheço mais, embora saiba exatamente no que eu estou me transformando. Não posso discordar do que estão dizendo, que estou mudando, e não posso dizer que estou me metamorfoseando pelo lado bom...
    Fiquei tanto tempo tentando me comportar e nunca conseguira nada. Agora que estou praticando um pouco de “maldade”, as coisas começaram a andar... E então cheguei a uma simples conclusão: Uma pessoa comportada, com uma fé e esperança resignada de que vá conseguir alguma coisa, fica lá, estacionada, desenvolvendo sua moral (ou ela pensa assim), esperando por um milagre... Enquanto alguém que toma atitude, racionalizando e vivendo a vida, alcança muito mais do que o primeiro. Consegue realizar o que sempre quis mais do que quando se era esperançoso com sua fé resignada!
    É este o segredo? Ser simplesmente humana, tentando não reprimir os pecados do corpo e os pensamentos maléficos da alma? Pois fora somente assim que eu conseguira um pouco do que desejava. A fé, a esperança não me trouxera muita coisa. Não havia como ser resignada com isso, não por muito tempo.
    E eu que desejava tantas coisas! Uma hora querendo uma coisa, em outra, querendo o dobro... Mas então eu me canso, irritada descarto logo como se não fosse algo que havia há pouco desejado. Os humanos, os homens que me atraem tanto quanto os atraio... Isso é fascinante, envolvendo-os em minha teia sedutora e louca!
    — Há tantos peixes neste rio... de espécies diferentes, de raças diferentes!... Há tanto à que se experimentar... E eu quero provar de todos! Ou somente um... Talvez nenhum! Desejo tantas coisas ao mesmo tempo e também às descarto rapidamente!
    Depende do meu humor e disposição!
    Farei o que estiver ao meu alcance para satisfazer cada um de meus desejos mais íntimos e secretos, pois após o primeiro toque de meus lábios ao encontro de outro, desde então, ao abrir A Caixa, o pecado se espalhou em todo meu ser. Embora, ao invés de manter minha esperança, foi dissolvendo-a lentamente.
    Atrevo-me ainda sentir-me culpada quando gosto do pecado — quando já fora condenada pelos deuses? Tarde demais, a petulância já faz parte de mim,...

de sua Pandora.”

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

PURA LUXÚRIA


Às vezes o gosto do pecado vem tão forte em minha boca
O desejo do errado é delirante,
O meu coração dispara
O sangue correndo quente por minhas veias


Nesse momento não importa o certo, só o errado
Não importa os meus princípios, nem os seus
Só desejo você
Faria de tudo para te ter, por uma noite que fosse

 
Desejo sua carne
Seu toque fazendo minha pele formigar
Nossas bocas desesperadas, como se precisasse de um beijo
Você é exatamente o que nunca quis, mas como eu te desejo!

 
Nesse momento de delírio, você me abraça
Mas não é o bastante para mim
Quero mais, muito mais!
Quero sentir o seu corpo no meu, como se fossemos um só

 
Você é o pecado em mim
Liberta a pior parte de mim
É tudo o que nunca quis
Mas ainda, é a perfeição

terça-feira, 30 de novembro de 2010

CETICISMO ― RELIGIÃO

Usarei aqui a palavra “religião” com letra maiúscula, pois não estarei falando apenas de uma ou duas, e sim de todas as religiões.




“Religião”: Crença na existência de força ou forças sobrenaturais; Manifestação de tal crença pela doutrina e ritual próprios; Devoção.

Tradução (feito por mim mesmo!): É uma coisa que fala de Deus e de seu poder. Na maioria das vezes tendo manifestações demoníacas na qual onde há alguém para tirar o demônio que supostamente estaria dentro de tal pessoa. Tudo isso para uma coisa só: Enganar as pessoas de uma forma teatral às deixando cego o bastante para acreditar na pessoinha que fica lá na frente, no altar, destorcendo tudo em nome de Deus para conseguir ganhar o máximo de money possível, através da devoção das pessoas!

Sim, não acredito na Religião. Estou falando de Religião, e não de Deus; não sou ateu. E quando digo que não acredito em Religião, não estou falando de uma exatamente, e sim de todas. Claro que tenho uma em qual acredito um pouco mais, porém não vou falar qual e porque, pois não vem ao caso.

O caso é que ultimamente o assunto surgiu várias vezes no meu circulo de amizade. E é revoltante quando tudo o que não está escrito na Bíblia, e tudo o que está escrito na mesma falando sobre algum assunto, é considerado pecado. Pecado é afetar outra pessoa psicologicamente ou fisicamente, indiretamente ou diretamente. Logo, tudo o que não afeta uma pessoa, mesmo não sendo normal ao ver de algumas pessoas, não é pecado! Na verdade, o “normal” vai à opinião de cada um; o que é normal para mim, pode não ser normal para você. E outra, nós criamos a tecnologia, e isso só foi capaz com a permissão Dele. E se Ele nos permitiu criá-la, então porque a hesitação para usá-la? Desde que não afete ninguém e de nenhuma forma.

A Religião exagerou de tal maneira no poder do demônio (através das manifestações um tanto teatrais demais, como na religião Evangélica) para conseguir conter seus seguidores (o que nos mostra o quão a Religião é falha), que fez, por assim dizer, esquecesse de Deus; por toda parte surgia o dedo de Satanás. Até as melhores coisas, as descobertas mais úteis, foram tidas como obra diabólica, pois elas podiam abalar a ignorância da população e assim tirar o poder da Religião. (Qualquer um que tenha estudado o bastante sabe do passado sombrio do Catolicismo.).

A Bíblia foi feita há séculos, ela não abrange os assuntos dos dias atuais. Não devemos levar ao pé da letra tudo o que lá está escrito, pois na época, as pessoas não tinham inteligência e moral o bastante para entender desses assuntos, por isso Jesus teve que ensinar-lhes de uma forma, por assim dizer, inferior. E acima de tudo, devemos acreditar muito menos no que aquelas pessoinhas na nossa frente, no altar, nos dizem, pois eles são hipócritas (como muito espíritas que conheço) distorcendo O Livro Sagrado da forma mais conveniente para eles (tão pecadores quanto nós). O que eles querem é o nosso dinheiro, alguns, o seu irmãozinho, o seu filho, se é que me entendem!

O importante é acreditar em Deus. Acreditar em suas obras, que Ele criou tudo sim, de uma forma cientifica que só Ele é capaz de fazer e não “do nada”, e isso não deixará de ser tão maravilhoso e “milagroso”, como se tivesse sido criado “do nada”.

Não vou deixar de ser quem sou, ou de fazer o que quero porque a Religião diz que é pecado, pois eu tenho fé no meu Deus; um Deus perfeito e infinito em todas as virtudes. E se caso eu for para o inferno, como as Religiões dizem, não tem problema, pois tenho amigos nos dois lugares, no céu e no inferno. Rs.

domingo, 21 de novembro de 2010

FIGURANTE

Você chega à escola, no trabalho ou até mesmo na sua casa, o que importa é que você está cansado e quer ficar quietinho, mas aí alguém logo vem te contar alguma coisa que aconteceu com ela, e quando isso acontece logo nos preparamos para ouvir, pois que tanto de histórias seus amigos e familiares têm pra te contar, hem! E são vários os acontecimentos, foi uma ligação inesperada, uma discussão no MSN, algum problema na família/ com os amigos/ namorado (a). Vão dos assuntos mais fúteis aos mais sérios, mas o que importa mesmo é que você só ouve e já está cansado disso.


Se isso acontece com você também, seja bem vindo à Sociedade dos Figurantes. É isso mesmo. Sabe por que figurante? Porque seus amigos ou familiares ou amigos e familiares, chegam para te contar alguma coisa, sempre querendo saber da sua opinião, mesmo quando eles já tomaram a decisão deles. (Motivo número 1.).

Há também aqueles momentos em que eles reclamam de suas vidas, choram, se estressam, xingam..., em uma palavra, eles se desabafam com você. Mas será que eles enxergam que tudo aquilo que acontece com eles também pode estar acontecendo com você, ou até pior? Se não... (Motivo número 2.).

E por último. Tudo está dando certo, roupas novas, tênis novos, um celular mais moderno, um ótimo trabalho, notas boas na escola, passeios com a família/ amigos, um (a) novo (a) namorado (a), lindo (a), divertido (a), inteligente, bom (oa) de sexo, o pacote todo! Mas espera! Você acha que eu estou falando de quem, de você? Que pena!... Tudo está dando certo, para todos, menos... Pra você! Na verdade você continua exatamente na mesma, enjoado (a) de suas roupas, com um tênis encardido, um celular que incrivelmente não tem nem viva-voz, desempregado (a), se matando de estudar para tirar 05 de média na escola, sem dinheiro para sair e encalhado (a). (Motivo número 3.).

Bom, essa é sua realidade.

Uma perguntinha, e aí, como você se sente, sendo figurante de sua própria história? Calma, eu entendo. Você não é o (a) único (a)!

Para os mais lerdinhos, eu posso explicar melhor.

Finge que sua vida é um filme (não é difícil, vai! Todo mundo idiotamente se imagina num filme, a única diferença é que seu filme é de comédia. Não, comédia-romântica não, você tá encalhado (a), lembra?!). Imaginou? Então tá. Sempre há os protagonistas (os casaizinhos metidos os “perfeitos”), os antagonistas (os meus prediletos, meio psicopatas, normalmente inteligentes e lindos (as) e malvados (as), seus planos vão de separar os idiotas que citei agora pouco, até de dominar o mundo), mas há também os coadjuvantes, que são aqueles personagens insignificantes, que normalmente não acrescentam nada para o filme. Esses últimos somos nós, enquanto nossos melhores-amigos se dão bem com seus papeis principais, nós não passamos de figurantes esperando o momento em que algum deles chegue e chora no nosso ombro por algum motivo ridículo, e quando aconselhamos usando menos que 250 palavras (que é mais ou menos a metade das palavras aqui usadas até o momento), eles se levantam e vão (muitas vezes sem nos agradecer por molhar aquela nossa camiseta já toda f♫d!d@ com lágrimas) todos esperançosos em busca de seus amores, em direção ao maldito final feliz.

Porém essa coisa aqui é a vida real, ou seja, daqui uma semana eles vão brigar de novo e você vai ter que estar lá para ser um (a) bom (oa) melhor-amigo (a).

Mas não fiquem muito animadinhos, não. Continuaremos na mesma, sem dinheiro e todos encalhados. O final feliz que tanto esperamos vai demorar bastante para bater no portão enferrujado de nossas casas. E se caso isso aconteça, você se transformará naqueles protagonistas que descrevi. O que significa que o final feliz só dura no máximo uma semana.

Desejo uma boa sorte para os meus amigos e amigas da Sociedade dos Figurantes.

Beijos, até a próxima.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

TANZAKU


Pediram-me para escrever sobre isso aqui, eu já tava pensando em fazer isso, mas fiquei meio assim porque foge um pouco da intenção do blog. Ah! Mas não to nem aí, o blog é meu e eu faço o que eu bem entender com ele! Então lá vai:

Estávamos de mãos dadas, sentados na pequena mureta que nos separavam das árvores que cercavam a capela atrás de nós. As árvores eram grandes e espessas, seus galhos estavam secos e as poucas folhas que estavam penduradas, também eram tão secas quanto os galhos. Aquilo parecia mais com o outono do que com o inverno. Não estava tão frio e as árvores da praça estavam todas secas, com as folhas em tons de vermelho e amarelo acumulados no chão.
Era uma noite de julho; sábado, 17 de julho para ser mais exato. Não havia nuvens no céu e nem muitas estrelas, se não me falha a memória. Nesta época do ano, é celebrada uma história de amor japonesa, fazia um festival comemorativo para a data, o Tanabata Matsuri (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tanabata), conhecido também como Festival das Estrelas...
Eu havia chego a minha casa hoje mesmo, o que significava que não tive muito tempo para pensar. Estava na capital de Goiás, na casa de uma prima, aproveitando as férias escolares do meio de ano. Ela era formada em odontologia, também era casada e tinha dois lindos e pequeninos filhos. Fui pra lá tirar meus quatros cisos que não estavam cabendo na minha boca, apesar de ainda nem terem nascido, o que resultou em quatro cirurgias.
Tive que tomar uma decisão rápida. A questão era: ir ou não ir para o Tanabata? Com a minha decisão já tomada, tomei um banho mais que depressa e me arrumei. Deixei um recado na geladeira para minha mãe que ainda estava trabalhando. No recado dizia que eu havia ido ao Tanabata com um amigo — claro que era uma mentira —, que havia morado no Japão mais ou menos uns cinco anos — isso já era verdade. Depois do recado, corri para o ponto de ônibus e entrei dentro dele.
Chegando lá, eu vi, estava lá, me esperando enquanto bebia um refrigerante e tirando fotos de mim enquanto ia chegando perto. Encontramos com seus amigos, vimos apresentação de cosplay — a primeira que vi na vida —, comemos pastel, olhamos o que vendiam nas barracas dos descendentes de japoneses, andamos de mãos dadas e finalmente subimos para a Praça Alto do São Bento.
... No momento mais impróprio, uma pessoa aparece, a pessoa que mexera com meus sentimentos meses atrás. E você num momento de cólera ao perceber meu estado, me beijou. Fora um beijo totalmente desajeitado, da minha parte, mas você me deve um desconto, pois o momento não foi tão apropriado e também era o meu primeiro beijo... Os nossos outros beijos que vieram foram melhores, fiquei mais calmo, me concentrei, ou melhor, não pensei em nada, só deixei me levar em beijos mais precisos e agressivos, como se fosse uma necessidade. Descobri sensações que eu não havia experimentado antes, e viciei. Mas não estarei falando a verdade se eu disser que viciei em você só para te agradar, viciei sim, mas em beijar, e posso ou não sair da abstinência com outra pessoa. Experimentar novas pessoas é tão convidativo!... Desculpe, mas isso não é uma história de amor.
Foi assim a primeira fez em que fui ao famoso Tanabata Matsuri.

Desejo explorar o universo, provar de novos sabores, beijar outros lábios, sentir o toque de outra pessoa, mas como você disse, o primeiro beijo a gente nunca esquece, e nem quero, na verdade, gostaria de me aproveitar de seu beijo só quando eu quisesse. Sei que não é assim, que talvez ao você ler isso, nunca mais queira me beijar, mas ainda experimentarei de outro néctar, como eu sei que você faz. Esse é meu pedido, o colocarei pendurado em um bambu como se faz com um tanzaku.

E viva a realidade!